A quantidade de pessoas que ingressam na corrida de rua nos dias atuais tem aumentado de maneira crescente. Sendo a corrida um esporte cíclico, a maior parte das lesões estão relacionadas aos “micro-traumas” de repetição, nos quais tecidos sadios são submetidos a carga cíclica supra-fisiológica, rompendo o equlíbrio destruição e regeneração celular.
O joelho é a articulação de nosso corpo que trabalha próximo a seus limites fisiológicos. Qualquer sobrecarga mecânica, tanto por um treino esportivo, quanto pelo trabalho ou atividades do dia a dia podem desencadear quadro de dor e inchaço, às vezes de difícil controle.
Nas atividades da vida diária e na corrida, a principal função do aparelho extensor do joelho, composto pela patela, musculo quadríceps e tendão patelar, é a de desacelerar o corpo, absorvendo energia cinética. Existindo predisposição individual, fraqueza e desequilíbrio muscular, valgo dinâmico, comum em mulheres, somado a sobrecarga mecânica do esporte ou excesso de escadas no dia a dia, ou salto alto, a energia que seria dissipada pela massa músculo-tendínea passa para a articulação, desencadeando lesão. Ao atingir o tendão patelar, por exemplo, temos a tendinite patelar, mas quando atinge a cartilagem de contato entre a patela e o fêmur poderemos ter a condromalácia.
A cartilagem articular lesada tem potencial de cicatrização muito limitado. Isso se deve às propriedades histológicas do tecido cartilaginoso que, ao contrário da maioria dos tecidos do corpo, possui pouquíssimas células (hipocelularidade), não possui vasos sanguíneos (avascularidade), é aneural, ou seja, não possui terminações nervosas e é riquíssimo em água. Consequentemente, uma vez lesada, a reação inflamatória é muito pequena e a possibilidade de reparo, quase nula.
Que corredor esta sujeito a isso?
Estudos recentes têm demonstrado que algumas características individuais do aparelho locomotor de cada pessoas pode predispor ao desenvolvimento da lesão. Isso incluiria pisada muito pronada ou supinada, joelhos em “x” ou arqueados, angulação e rotação anormais entre os ossos do quadril, diferença de comprimento dos membros e, principalmente enfraquecimento e encurtamento de grupos musculares, gerando desequilíbrio entre músculos agonistas e antagonistas.
As mulheres parecem estar especialmente em risco de desenvolvê-la. O salto alto, que mantém o joelho em constante desaceleração é um fator importante, mas estudos têm também indicado um funcionamento diferente do joelho masculino.
Sinais de alerta
1. Aumento da dor durante o treino
2. Persistência da dor em atividades da vida diária
3. Inchaço no joelho
4. Dor muscular associada
5. Atrofia do músculo anterior da coxa (quadríceps)
Tratamento
Frente a um quadro de sobrecarga femuropatelar com ou sem o amolecimento cartilaginoso, sou particularmente partidário da reabilitação fisioterápica, seguida pelo trabalho de fortalecimento e reequilíbrio muscular. Havendo alívio das dores, “devolvemos” aos poucos o paciente de volta ao esporte. Isso, obviamente, sob contato contínuo e harmonioso entre o treinador e profissionais da saúde, pode-se optar pela infiltração do joelho com acido hialurônico, procedimento também conhecido como viscossuplementação. O intuito é de se modificar a evolução da doença cartilaginosa, evitando-se a degeneração crônica (artrose) e facilitando o trabalho da fisioterapia na reativação muscular.
Como prevenir?
A prevenção envolve a avaliação do equilíbrio muscular dos grupos musculares que executam o movimento (agonistas) e os que resistem (antagonistas). Para isso, utilizamos da chamada avaliação isocinética .
Logo apos, orienta-se o ganho do condicionamento físico realizado por um preparador físico experiente. O treinador deverá focar no fortalecimento excêntrico do quadríceps, ou seja na capacidade do músculo anterior da coxa contrair contra a resistência a fim de se absorver energia cinética, poupando as articulações.
Finalmente, institui-se o treinamento da corrida sob a tutela de um preparador físico especializado em corrida. Enfim, a conscientização do corredor de que a equipe multidisciplinar deve avaliá-lo e acompanhá-lo durante o período de treinamento evita lesões e pode maximizar o rendimento, fazendo com que o esporte atinja seu objetivo básico: a promoção de saúde.
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