quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Atletismo brasileiro termina Parapan de Lima com 32 ouros

A bandeira brasileira tremulou no alto do pódio das provas de atletismo por oito vezes no quinto e último dia da modalidade nesta edição de Jogos Parapan-Americanos. O país lidera o quadro geral de medalhas do Parapan de Lima com 75 ouros, 62 pratas e 56 bronzes (193 medalhas no total). Os Estados Unidos estão em segundo com 49 ouros de um total de 136.

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A quarta-feira reservou também momentos marcantes na natação, com o tão esperado 30º e 31º ouros de Daniel Dias em quatro participações de Jogos Parapan-Americanos. Ainda foi celebrado o ouro no vôlei sentado masculino, com o triunfo sobre os Estados Unidos, no início da noite, por 3 sets a 0. O Brasil é tetracampeão Parapan-Americano, e desde o Rio 2007 que não conhece outro resultado que não seja o título continental. Para arrematar, conquistou a vaga nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, a partir de 25 de agosto do próximo ano.

O ouro de Daniel Dias veio com a mesma tranquilidade dos outros dois que já abocanhou no Parapan de Lima. Nos 100m livre da classe S5 ele nadou para 1min11s88, mais de 16 segundos antes do segundo colocado, o colombiano Miguel Narvaez.

“É sempre incrível, estou super feliz, agradeço à minha família, obrigado a todos porque é uma conquista de todos nós. A gente trabalha duro para ter todas essas conquistas, não fiz isso sozinho. Clodoaldo Silva, André Brasil, Edênia Garcia e tantos outros construíram essa história e todas as conquistas da natação paralímpica brasileira”, disse Daniel Dias, paulista de Campinas, que nasceu com má formação congênita em três membros.

Ele chegou a Lima com 27 medalhas, todas de ouro, desde que estreou, 12 anos atrás, nos Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro 2007. Em Lima, garantiu ouro nos 50m costas e nos 50m livre. Até o sábado, 31, último dia de disputas da natação, ele nada os 200m livre.

Já o último dia do atletismo foi nesta quarta-feira, 28, e rendeu oito medalhas de ouro ao Brasil, a nação que mais campeões formou em Lima. Dos 82 medalhistas brasileiros, 32 saíram-se campeões apenas nos cinco dias de provas de campo e de pista. E a sessão final do atletismo contou com momentos dramáticos e eletrizantes envolvendo os atletas brasileiros.

Atletismo no Parapan de Lima

Os atletas cegos e com baixa visão começaram a sessão em altíssimo estilo. Os 100m da classe T11 (cegos) Lucas Prado, 34, chegou à oitava medalha em Jogos Parapan-Americanos, em uma eletrizante vitória contra o carioca Felipe Gomes, com uma diferença de 3 milésimos. Prado e seu guia, Anderson dos Santos, fecharam a distância em 11s244, já Gomes e o guia, Jonas Alexandre, em 11s247.

“Estratégia foi terminar a prova sem me lesionar. Em Toronto eu estava machucado, no Mundial de Doha naquele mesmo ano, eu rompi o tendão. De lá para cá, eu me lesionei, e esse grito de campeão estava engasgado, e pude soltá-lo hoje. Posso dizer a vocês que o Lucas Prado voltou”, comemorou, ainda ofegante, após a prova.

Lucas Prado compete na eliminatória dos 100m T11 do Parapan de Lima- Crédito: Alexandre Schneider/EXEMPLUS/CPB).

Lucas Prado compete na eliminatória dos 100m T11 do Parapan de Lima- Crédito: Alexandre Schneider/EXEMPLUS/CPB).

A prova seguinte foi os 100m da classe T12 (baixa visão), mais uma vez com final feliz para o Brasil, após disputa eletrizante. O sul-matogrossense Fabrício Ferreira desafiou a sensação americana, Noah Malone, de apenas 17 anos, que espantou o movimento paralímpico ao correr a distância em 10s59.

Fabrício não se intimidou com o portfólio do prodígio americano, e com uma largada perfeita, dominou a prova do início ao final. Concluiu os 100m em 10s97 para garantir o ouro e superou Malone (11s12). O tempo do atleta da pequena cidade de Naviraí é o novo recorde dos Jogos Parapan-Americanos na classe.

“Superei uma fratura por estresse, comecei a treinar forte no início deste ano, em janeiro, e só vim melhorando o tempo, para ter este bom resultado e chegar até aqui para ganhar este ouro no Parapan”, disse Fabrício, na zona mista do Estádio de Atletismo da Videna (Vila Deportiva Nacional).

O paraibano Petrúcio Ferreira entrou na pista logo na sequência, na prova em que é o maior de todos os tempos. Com o retrospecto de quem é campeão mundial, paralímpico, parapan-americano e recordista mundial, ele fez os 100m em Lima em 10s59 para assegurar seu segundo ouro na competição. Petrúcio foi acompanhado no pódio pelo alagoano Yohansson Nascimento, prata (11s03). Petrúcio já havia triunfado nos 400m, prova da qual não tem por hábito participar em âmbito internacional, no domingo (25).

Petrucio Ferreira compete na eliminatória dos 100m T47 do Parapan de Lima (Crédito: Alexandre Schneider/EXEMPLUS/CPB).

Petrucio Ferreira compete na eliminatória dos 100m T47 (Crédito: Alexandre Schneider/EXEMPLUS/CPB).

Vitor Antônio de Jesus alcançou o ouro nos 200m (T37), em uma disputa dramática. Ele correu com dores na coxa esquerda. Nos 30 metros finais, já com a liderança consolidada, sentiu fortes dores no músculo posterior e terminou a prova mancando até desabar após cruzar a linha de chegada em 23s23. Ainda assim estabeleceu um novo recorde do Parapan na classe. O segundo lugar foi o rondoniense Mateus Evangelista (24s24).

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Após a vitória no lançamento de disco F11, no domingo, 25, Alessandro Rodrigo da Silva faturou a medalha de ouro também no peso, com a marca de 13m17, novo recorde da competição. Um motivo a mais para celebrar, já que o atleta completou 35 anos recentemente.

Além dele, o Brasil colocou mais dois atletas no pódio do arremesso de peso F55. Wallace Oliveira e Sandro Varelo ficaram, respectivamente, com o ouro (11,08m) e bronze (8,82m).

Ainda no campo, a baiana Raíssa Machado lançou o dardo na classe F56 a 22m64, mais de quatro metros acima da segunda colocada, para obter o ouro. Quatro anos atrás, em Toronto, com 19 anos, ficou com o bronze no dardo.

A paraense Jhulia Karol, acompanhada do guia Láercio Silva, foi campeã da classe T11 nos 400m com 58s93. Entre os T12 (baixa visão), Ketyla Teodoro ganhou o bronze nesta mesma distância (58s91). Poliana Sousa também foi bronze no dardo lançamento de dardo F54. A pernambucana Jenifer Martins obteve a prata no salto em distância (T38). A mineira Izabela Campos foi bronze no peso na junção de classe F11/F12.

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