quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Prescrever exercícios para a artrose: um desafio da medicina esportiva

artrose

Foto: Adobe Stock

Segundo a Organização Mundial da Saúde, artrose é a doença mais prevalente na população mundial. Dados estatísticos apontam que dos indivíduos acima dos 50 anos de idade, 60% já apresentam algum grau de degeneração e, quando analisamos a faixa etária dos 70 aos 75 anos, essa taxa já sobe para 80%.

Também são dados estatísticos de que a população tem se tornado cada vez mais ativa e aumentado, cada vez mais sua longevidade. Descobertas recentes da medicina esportiva de que o esporte praticado de maneira constante, continua, periódica e dentro dos limites fisiológico tem o poder de reduzir níveis de pressão arterial elevados, melhoria dos efeitos da diabetes e melhoria do perfil lipídico tem servido de estimulo à pratica esportiva da terceira idade.

O que é a artrose?

A artrose é o estagio final de qualquer doença cartilaginosa. É conhecida popularmente como o “desgaste”da articulação. Uma vez instalada, causa dor, deformidade, inchaço ou derrame articular, perda da mobilidade, atrofia muscular e, consequentemente perda da capacidade de treinamento.

Frente a isso, diversos recursos tem sido estudados no intuito de aliviar sintomas e, de certa forma, alterar a evolução da doença. Medicamentos, infiltrações articulares com produtos como corticoide os e ácido hialurônico, associados a um bom programa de fisioterapia tem sido desenvolvidos. Mas, um tema de grande debate e de duvida tanto em profissionais da área médica , quanto entre treinadores é prescrição de exercícios para artrose e outras doenças da cartilagem.

É muito comum que determinadas pessoas tenho tido êxito no tratamento instituído pelo médico e pelo fisioterapeuta e, ao ingressarem em uma academia de ginastica ou tentarei retornar a suas atividades esportivas, acabam tendo remissão dos sintomas. A crença difundida de que exercícios realizados em isometria seriam menos lesivos e de que uma boa progressão envolveria aumento da carga são mitos.

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Mas, como fortalecer uma articulação doente?

Segundo diversos estudos, na artrose, a qualidade da contração muscular teria o efeito protetor sobre a articulação. O importante é que a musculatura tenha o poder de desacelerar e, consequentemente, consiga absorver melhor a energia cinética danosa à articulação. Para isso, trabalhamos a contração denominada excêntrica, na qual o músculo desacelera resistindo ao movimento.

Como progredir na prescrição de exercícios?

Importante ter em mente de que o segredo não está no aumento de carga, mas sim em parâmetros como a qualidade do movimento associada ao que chamamos de fadiga concêntrica máxima, na qual o músculo é solicitado ao seu extremo e, no período denominado recovery leva a resposta anabólica, com aumento de melhoria da qualidade das proteínas contrateis do músculo. Para que isso seja efetuado em pessoas portadoras de artrose, recomenda-se que sejam realizados exercícios com o número máximo de repetições, carga mínima, exercícios realizados sob ângulo ações de proteção, principalmente quando pensamos no joelho.
As chamadas bi e tri-séries devem ser priorizadas para que aquele grupo muscular seja solicitado ao máximo. Outras técnicas como o GVT e “ponto zero” também devem ser empregadas.

Muito importante é que o treinador esteja atento aos sintomas do paciente e que a dor e crises de inchaço articular não sejam vistas como parte do treinamento. Em qualquer momento, o aluno deve ser encaminhado para equipe médica e, em alguns casos retornar para a fisioterapia.

Em quanto tempo esperar por resultados?

Tendo em mente que a artrose é uma doença que cursa com inibição muscular, não podemos nunca esperar resultados imediatos e que o ganho de força envolve inicialmente melhoria da ativação dos neurônios motores e, posteriormente a hipertrofia, a sensação do aumento de força, de conforto e estabilidade articular vem com o tempo, mesmo que dure 1 ano ou mais.

Finalmente, importante ressaltar de que a intercomunicação dos profissionais da equipe de saúde e a reavaliação médica anual, observando a evolução da doença articular e o padrão de função muscular, mesmo em pessoas que tenham melhorado todos os sintomas é muito importante. Só assim conseguimos monitorar sintomas, manter o individuo ativo, desfrutando dos ganhos fisiológicos do treinamento, consumindo, cada vez menos remédios e, vivendo mais.

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