Quase toda mulher adora um salto alto. Ainda mais na hora de desfilar as pernas de corredora, sempre torneadas e delineadas graças aos quilômetros no asfalto. No entanto, o que pouca gente sabe são as consequências que o uso excessivo pode trazer para as corredoras, uma vez que quase todas as pesquisas da área já reprovam o uso do salto alto para mulheres, que fazem ou não atividade física.
Uma das últimas pesquisas feitas sobre o tema, em 2010, comprovou cientificamente o que toda mulher já imaginava: seu uso pode causar varizes, flebites (inflamação das veias) e até tromboses. O estudo foi feito pela Divisão de Cirurgia Vascular e Endovascular do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP.
No caso das corredoras, a realidade é ainda pior. O uso do salto alto pode colaborar com lesões ósseas, de joelho e coluna. Além disso, seu uso altera inicialmente nosso eixo de equilíbrio e, devido ao posicionamento do pé para frente, altera também a distribuição de carga nos pés.
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O uso do salto alto para o corpo:
Dedos
Como o pé fica inclinado, a força recai sobre a região do antepé, causando dor, calos por atrito e até úlceras. Por isso, antes de colocar o salto, lembre sempre das bolhas nos dedinhos, especialmente depois do longão.
O bico fino é o responsável por outro problema. Como os dedos são comprimidos e ficam sobrepostos um sobre os outros, cria-se um quadro de halux valgo, popularmente conhecido como joanete. Ele pode entrar em desgaste formando saliências ósseas (artrose) quadro que também gera crepitação [estalos] e dor.
Metatarso
Essa é aquela área que na hora do impulso, principalmente na corrida, recebe a maior carga. Para se ter uma ideia, como o pé fica inclinado, a força recai sobre a região e depois é dali sai o impulso para dar o passo.
O uso do salto, além de causar dor, também pode causar úlceras e lesões devido a sobrecarga. Além disso, o aumento da pressão na cabeça do metatarso poderá gerar lesões ósseas como necroses e artroses; e das partes moles (tendinopatias e lesões ligamentares). Além do conhecido Neuroma de Morton.
Mediopé e retropé
Como são regiões que recebem menos carga e ficam encurtadas, o uso do salto gera um impacto na região posterior, causando dor, devido à proximidade do calcâneo, talus e tíbia.
Tornozelo e perna
Como o pé fica constantemente inclinado, a posição força a panturrilha, que por si só favorece as tendinopatia do Aquiles, encurtamentos, além de câimbras e lesões musculares.
Acredita-se erroneamente que o uso do salto alto fortalece a panturrilha, dando mais firmeza e beleza à batata da perna. Isso, na verdade, é uma contratura nas custas do encurtamento, tensão constante e não fortalecimento que deve ser feito de forma orientada.
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*Fonte: Ana Paula Simões, ortopedista e Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
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