terça-feira, 2 de abril de 2019

Corrimento na gravidez: quando devo me preocupar?

Quando falamos de corrimento na gravidez, a secreção esbranquiçada ou transparente não costuma ser um motivo para preocupação. Isso porque sua ocorrência é bastante comum, não indicando problemas ginecológicos. Isto é, sua produção é estimulada pelo hormônio estrogênio, muito presente nas mulheres durante o período de gestação.

E apesar dele umedecer, lubrificar e manter a vagina limpa e livre de infecções e inflamações, toda e qualquer alteração em sua coloração ou cheiro pode indicar a presença de algum problema que precise de tratamento. Assim, conversamos com Paula Bortolai Martins (CRM 127.101), médica do Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia, para entender mais sobre o assunto.

Dúvidas frequentes sobre corrimento na gravidez

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O corrimento se faz mais presente durante a gravidez porque, neste período, o PH e os microorganismos da região vaginal ficam mais evidentes. Além disso, a resistência imunológica da mulher também é prejudicada. E todo desvio daquilo que é considerado normal deve ser imediatamente investigado por um bom profissional.

Que tipo de corrimento pode indicar gravidez?

Para sabermos se o corrimento pode ou não ser um sinal para gravidez, precisamos observar com atenção a sua permanência. Assim, se a secreção continuar sendo produzida após o atraso menstrual, as possibilidades de uma gestação são grandes.

Corrimento na gravidez é normal?

De acordo com Paula Bortolai Martins, o corrimento não é normal, o que é normal é o aumento da secreção fisiológica. “Entretanto, essa secreção não pode apresentar odor, desconforto ou provocar qualquer tipo de coceira”, complementa a especialista.

O que significa corrimento no primeiro trimestre da gravidez?

Durante o primeiro trimestre, o corrimento amarronzado ou sanguinolento pode indicar duas situações. A ruptura de pequenos vasos – uma vez que a vascularização do útero e da vagina aumenta; assim como também pode ser um sinal de aborto ou gravidez ectópica – aquela em que o óvulo fecundado se implanta em outras estruturas, não no útero.

O que pode ser o corrimento branco no final da gravidez?

Segundo a especialista Paula Bortolai Martins, esse corrimento é a secreção fisiológica que aumenta pela alteração hormonal. “E próximo ao parto, pode ocorrer a saída do tampão mucoso, que contém pequenos raios de sangue que indicam o início do esvaecimento do colo e as contrações preparatórias para o parto”.

O corrimento pode prejudicar o bebê?

A secreção fisiológica não, mas o corrimento pode indicar infecção por fungos, bactérias e protozoários. “E essas infecções podem causar trabalho de parto prematuro, rotura da bolsa e infecção fetal”, comenta Paula.

Boa parte desses corrimentos acontecem devido ao aumento dos níveis de estradiol e progesterona no organismo. Entretanto, como a grávida tem uma imunidade mais baixa e está mais sujeita a infecções, qualquer corrimento deve ser avaliado pelo obstetra para diferenciar o que é fisiológico do que deve ser tratado.

Tipos de corrimento na gravidez

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Quando o corrimento na gravidez tem alguma cor, cheiro ou consistência mais espessa, isso pode ser um sinal de infecção ou, até mesmo, a presença de alguma doença sexualmente transmissível (DST). Assim, conseguir identificar suas diferentes características e compreender o que elas significam pode ajudar no diagnóstico.

Corrimento marrom ou com sangue

O corrimento marrom é normalmente o sangue em pequena quantidade que coagulou na vagina antes de ser eliminado. “Ele não é normal na gestação e pode indicar um pequeno hematoma retroplacentário, um sangramento de implantação ou um sangramento do colo” explica a especialista. Apesar de não ser normal é bastante comum e deve ser avaliado pelo obstetra.

Corrimento verde

De acordo com Paula Bortolai Martins, o corrimento verde também não é normal e pode indicar uma infecção por tricomonas. “Este protozoário é transmitido sexualmente ou através de contato íntimo com secreções de alguém contaminado”, explica. O corrimento é amarelo esverdeado, acompanhado de odor forte, desconforto, coceira e deve ser tratado porque facilita a infecção por outras DSTs.

Corrimento amarelo

Esta cor de corrimento pode indicar uma vaginose bacteriana, causada por gardenerella, ou uma infecção por tricomonas. De acordo com a obstetra, a infecção por gardenerella não é necessariamente transmitida sexualmente, isso porque ela está presente em pequeno número na flora vaginal. “O corrimento geralmente aparece quando há um desequilíbrio nesta flora, fazendo com que o número de bactérias aumente”, finaliza a especialista.

Corrimento branco

O corrimento branco pode ser a secreção fisiológica que muda ao longo do ciclo menstrual, mas pode ser também uma vaginose bacteriana. Normalmente a secreção da vaginose bacteriana é branca acinzentada, mas também pode ser amarelada. “Apresenta odor forte, principalmente próximo ao período menstrual, quando a ação da bactéria aumenta”.

Corrimento com cheiro forte

De acordo com Paula Bortolai Martins, o corrimento com cheiro forte não é normal e pode indicar uma infecção bacteriana ou por protozoários. Portanto, ao sentir um mau cheiro combinado com coceira ou ardor ao urinar, procure imediatamente um médico especialista.

Perda do tampão mucoso

É a perda de uma espécie de “rolha” que fica no colo do útero protegendo a bolsa amniótica. Quando se inicia o esvaecimento do colo – às vezes semanas antes do parto – ocorre a expulsão desse tampão que é gelatinoso e pode ter estrias de sangue. “Esse sinal é normal e a paciente não precisa se preocupar”, complementa a obstetra.

Apesar de muito comum durante toda a vida da mulher, o corrimento na gravidez deve ser observado com atenção. Isso porque a modificação de sua cor ou odor pode indicar que a secreção fisiológica natural passou a ser patológica, o que pode trazer riscos não apenas para a mulher, mas também para o bebê.

Dicas para evitar corrimento na gravidez

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Saiba mais sobre como evitar esse incômodo e possíveis riscos para a sua gestação:

  • Evite roupas apertadas ou abafadas: pois, de acordo com a especialista Paula Bortolai Martins, o ambiente úmido favorece a infecção por fungos, principalmente a candidíase, assim como favorece o aumento da secreção fisiológica.
  • Prefira roupas íntimas de algodão: isso porque esse tipo de fibra permite a circulação do ar, mantendo a região íntima muito mais arejada.
  • Evite relações sexuais ao menor dos sinais: válido tanto para homens quanto para mulheres que estejam com algum tipo de desconforto nos órgãos genitais. “Procure ajuda médica nestes casos”, recomenda a obstetra.
  • Esteja com os exames em dia: mantenha seus exames de rotina atualizados, como o Papanicolau e secreção vaginal.

Na consulta médica, forneça a maior quantidade de informações sobre quais foram os primeiros sintomas. Assim, o especialista certamente chegará ao diagnóstico correto para oferecer o melhor tratamento para o seu tipo de corrimento.

Lembre-se de que sua versão esbranquiçada ou transparente não é motivo para preocupação. Entretanto, se ficar pastoso e se tornar abundante e espesso demais, isso pode ser seu organismo mostrando que algo não vai bem. Investigue e fique de olho na sua calcinha para acompanhar qualquer tipo de alteração.

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