Com saúde não se brinca. E é verdade que a região íntima feminina pede bastante atenção. Corrimentos, sangramentos fora do período menstrual, coceira são alguns dos problemas que, vez ou outra, podem ocorrer e que, obviamente, preocupam as mulheres.
Abaixo você confere uma lista com problemas vaginais e as orientações de como lidar com eles:
1. Pelos encravados na região da vulva
Sérgio Kobayashi, ginecologista, obstetra e especialista em medicina fetal do Lavoisier Medicina Diagnóstica, explica que pelos encravados na região da vulva são um problema relativamente comum, devendo sempre ser examinados com cuidado. “Os pelos encravados são bastante comuns na virilha, mas podem ocorrer também em outras regiões do corpo”, diz.
O ginecologista explica que os pelos encravados ocorrem porque os fios crescem, curvam-se e ficam presos na pele, causando um processo inflamatório. A depilação com lâminas ou cera pode ser um fator predisponente, principalmente em pessoas de pele negra, pois seus pelos costumam ser mais grossos e enrolados.
A ginecologista Paula Bortolai, médica da equipe do IPGO, destaca que a região da vulva apresenta pelos mais densos, grossos e em maior quantidade do que no restante do corpo, o que por si só já é um fator predisponente.
“Muitas vezes a depilação pode provocar o crescimento irregular destes pelos, e em sentido contrário, o que impede o rompimento da pele. Este folículo forma uma cápsula ao seu redor e encrava. Como complicação pode haver a colonização por bactérias e aparece uma infecção secundária: a foliculite, diagnosticada através da presença de secreção purulenta”, acrescenta a especialista.
Kobayashi ressalta que qualquer lesão da região genital, diferente da habitual, deve ser examinada pelo ginecologista de confiança, inclusive fazendo o diagnóstico diferencial como algumas DST’s.
Como lidar com o problema
Geralmente o pelo encravado é resolvido e eliminado espontaneamente. Kobayashi destaca, porém, que para evitar ou minimizar os pelos encravados na região genital podem ser adotadas algumas medidas simples:
- Evitar roupas apertadas ou de tecido sintético (preferir roupas de algodão);
- Tomar cuidado com a limpeza e a higiene da pele (manter a pele saudável);
- Utilizar um método de depilação mais adequado para o seu tipo de pele.
Paula destaca ainda como medidas de prevenção:
- Diminuir a frequência das depilações;
- Evitar o uso de cremes depilatórios;
- Se for usada a lâmina de barbear, sempre preferir as descartáveis e nunca reutilizá-las.
“Como tratamento, o uso de compressas mornas, a remoção mecânica com pinça ou agulha esterilizada e a esfoliação diária. Nos casos de infecção bacteriana, associa-se o uso de tratamento tópico com antibióticos”, acrescenta a ginecologista Paula.
2. Odor forte
Paula explica que a vagina tem um odor “sui generis” mais perceptível após a puberdade e que pode variar de acordo com as fases do ciclo menstrual e também tem uma secreção fisiológica que é esbranquiçada e fluída e que aumenta próxima à menstruação e durante a ovulação. “Não é normal ter um odor forte e desagradável, isso deve sempre ser investigado por um ginecologista, pois pode se tratar de infecção”, diz.
A ginecologista destaca que existem fases em que a mulher está mais predisposta às infecções, principalmente quando há vida sexual ativa e no climatério, quando o ressecamento vaginal torna a mucosa mais fina e sensível.
Kobayashi explica que, geralmente, o cheiro forte e desagradável da vagina ocorre por falta de higiene ou por processos infecciosos.
Como lidar com o problema
Paula ressalta que qualquer odor vaginal deve ser investigado e a paciente deve ser examinada por um ginecologista que avaliará se existe associação com outros sintomas. Em algumas situações, acrescenta a ginecologista, o parceiro também deve ser investigado e tratado.
3. Corrimento
Kobayashi explica que o corrimento é uma anormalidade na quantidade ou no aspecto físico do conteúdo vaginal, que se exterioriza pelos órgãos genitais externos. “Pode ser um sintoma referido pela paciente ou apenas identificado pelo ginecologista”, diz.
De acordo com o ginecologista, as causas infecciosas mais frequentes dos corrimentos vaginais são: a vaginose bacteriana, candidíase vulvovaginal, tricomoníase, gonococia e a infecção por clamídia. “O corrimento acompanhado por odor fétido e desagradável pode ser decorrente principalmente da vaginose bacteriana e da tricomoníase”, destaca.
Como lidar com o problema
Em caso de corrimento, é importante procurar o médico ginecologista. “Pode estar ocorrendo corrimento por vaginose bacteriana ou tricomoníase, necessitando de tratamento medicamentoso”, destaca Kobayashi.
4. Sangramento fora do período menstrual
Paula explica que os sangramentos fora do período menstrual não são normais e também devem ser investigados. “Podem ter causas hormonais (ovários policísticos, uso de anticoncepcionais) ou anatômicas (pólipos, miomas, lesões no colo do útero). Algumas mulheres podem ter um pequeno sangramento durante a ovulação, mas este deve ser um diagnóstico de exclusão após investigadas todas as causas”, diz.
Como lidar com o problema
Kobayashi destaca que os sangramentos fora do período da menstruação devem ser avaliados pelo ginecologista, principalmente se forem recorrentes, intensos e acompanhados por outros sintomas. “O sangramento pode ser de manifestação ocasional ou crônica, sendo a crônica ou recorrente a de maior importância para o ginecologista”, explica.
5. Coceira
Kobayashi destaca que os principais corrimentos que são acompanhados por prurido (coceira) são a candidíase vulvovaginal e a tricomoníase.
Paula explica que a cândida é um fungo que faz parte da flora vaginal normal que, em algumas situações, encontra condições para aumentar seu número como, por exemplo: queda da imunidade, uso de antibióticos, roupas abafadas e que impedem a circulação e diabetes, entre outras.
A ginecologista acrescenta ainda que, na menopausa, a atrofia vaginal pode ser a causa do prurido vaginal.
Como lidar com o problema
Kobayashi destaca que a mulher deve procurar um ginecologista para uma orientação segura.
Paula acrescenta que, caso a candidíase seja diagnosticada, ela deve ser tratada. “E medidas como uso de roupas íntimas de algodão, dormir sem calcinha e secar completamente a região genital ajudam a diminuir a recorrência”, diz a ginecologista.
6. Dor
Kobayashi explica que a disúria (ardor ou dificuldade para urinar) e a dispareunia (dor durante a relação sexual) podem ter causas distintas. “A disúria pode estar relacionada principalmente à infecção do trato urinário, mas também à uretrite (inflamação da uretra), vulvovaginite (inflamação da vulva e vagina), vaginite atrófica, cistite intersticial, irritação da uretra por substâncias (sabonete, amaciante de roupa, perfumes ou medicamentos) e trauma na região pélvica. Algumas vezes a disúria e a dispareunia podem coexistir”, diz.
Paula comenta que a principal hipótese para dor ao urinar é a infecção urinária (ITU) e, por isso, deve ser colhido um exame para que se confirme o diagnóstico. “A ITU também pode causar dores na relação sexual”, explica.
A ginecologista acrescenta que as dores na relação sexual podem ser decorrentes de várias alterações, desde falta de lubrificação, infecções vaginais ou uterinas, obstipação crônica até doenças mais graves como a endometriose. “Todos estes fatores devem ser investigados pelo ginecologista”, diz.
Como lidar com o problema
Kobayashi destaca que, em caso de dor ao urinar ou na relação sexual, a mulher deve procurar seu ginecologista.
Paula explica que se deve tratar a causa do problema especificamente. “Muitas mulheres após o inicio da vida sexual e quando apresentam relações sexuais com maior frequência observam infecções urinárias recorrentes. Isto pode ser evitado ou diminuído com o uso de preservativo, com o costume de esvaziar a bexiga sempre após o ato sexual e realizar a higiene local rigorosa e, por vezes, pode-se realizar profilaxia com antibióticos e tomar extrato de cranberry”, destaca a ginecologista.
7. Urinar com maior frequência
Kobayashi explica que a mudança do padrão urinário deve ser valorizada e necessita de avaliação médica. Este problema pode estar relacionado com processos infecciosos do trato urinário e também com doenças clínicas como, por exemplo, o diabetes.
Paula destaca que a primeira causa a ser excluída é a ITU (infecção do trato urinário), que deve ser investigada. “Outros fatores como diabetes descompensado, gestação, uso de diuréticos e aumento da ingestão hídrica podem ser os causadores”, lembra.
Como lidar com o problema
É fundamental procurar um médico para avaliar a situação, descobrir a causa do problema e indicar o melhor tratamento.
Por fim, é importante que a mulher faça visitas regulares ao ginecologista, para evitar qualquer tipo de problema e manter sua saúde íntima em dia.
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