Os três brasileiros que participarão da maratona, a prova que abre as competições dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 no sábado (27/7), capital peruana, estão otimistas com a chance de bons resultados. Valdilene dos Santos Silva, Andreia Aparecida Hessel (ambas do Pinheiros-SP) e Wellington Bezerra da Silva (APA-Petrolina-PE) acreditam na força do bom histórico do País na prova dos 42.195 m.
No feminino, por exemplo, o Brasil é bicampeão com Adriana Aparecida da Silva, vencedora de Guadalajara 2011 e Toronto 2015. Com o tempo de 2:35:40, obtido no Canadá, Adriana é a recordista da prova nos Jogos.
Valdilene, de 27 anos, e Andreia, de 34, ambas paulistanas, têm as melhores marcas entre as oito atletas que obtiveram qualificação para o Pan. Valdilene tem 2:32:01, resultado alcançado em Frankfurt, na Alemanha, em outubro de 2018, enquanto Andreia correu 2:34:55 na Maratona de Nagoya, no Japão, em março de 2018.
As duas fundistas fizeram a preparação final no Camping Internacional de Treinamento de Fundo, realizado de 19 de junho a 22 de julho na altitude de 2.500 m de Paipa, na Colômbia. A iniciativa foi uma parceria da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e do Comitê Olímpico do Brasil (COB), com recursos da Lei Agnelo Piva.
Maratonista há 3 anos, Valdilene está animada. “O camping foi uma ótima preparação. Realizei ótimos treinos e sinto que estou pronta para disputar meu primeiro Pan. O objetivo é conquistar uma medalha, lutar pelo tri brasileiro.”
Andreia, estreante em Pans, concorda. “O objetivo é ir em busca da medalha, dando assim continuidade às conquistas de nossas atletas no passado, como a bicampeã Adriana Silva, minha grande inspiração e amiga”, lembrou. “Existe uma certa ansiedade por estar representando minha nação em uma prova tão importante e tradicional para nosso País. Vai ser o meu primeiro Pan e aí procuro me concentrar sempre nos treinos para que essa ansiedade não aumente e se torne um obstáculo.”
Ela conta que treinar em altitude é “desafiador”, porque não existe zona de conforto, tanto pela dificuldade especifica da altitude, quanto pelos dias longe da família. “Será minha segunda maratona em 2019, a primeira foi em Nagoya, onde ratifiquei o índice, com 2:34:55. Foram 34 dias de camping e uma média semanal de 170/180 km.”
O treinador da Seleção Brasileira e das duas atletas, Claudio Roberto de Castilho, mantém o clima de otimismo. “Elas estão muito bem e ansiosas por participar do Pan-Americano. Embora tenhamos adversárias como tempos melhores, nossa meta é manter a hegemonia e trazer duas das três medalhas do feminino”, disse.
Um representante de Petrolina – Já o pernambucano Wellington Bezerra, de 31 anos, fez sua preparação na pista municipal e por ruas de Santana do Parnaíba, onde mora na Grande São Paulo. Nascido em Tupanatinga, passou a representar a equipe de Petrolina, desde a extinção do time do Cruzeiro (MG).
Orientado pelo técnico Clovis Donizete Estevam, Wellington, conhecido como Cipó no meio atlético, obteve qualificação para o Pan ao correr a Maratona de Hamburgo, na Alemanha, em 2:13:34, em abril de 2019.
“Estou muito feliz por poder representar o Brasil no Pan-Americano. Comecei a correr em 2007, inspirado justamente na medalha de ouro ganha por Franck Caldeira na maratona do Pan do Rio. Meu sonho é representar bem o Brasil, subir ao pódio e fazer o que posso de melhor.”
“Será minha segunda maratona do ano e o meu primeiro Pan. Não acho difícil correr em cima do recorde dos Jogos Pan-Americanos, que é de 2:12:42. Sei das dificuldades e tudo vai depender do clima. Mas cada prova é uma prova e estou com boas expectativas. Todos vão correr pensando já no índice olímpico, de 2:11:30. Posso ganhar a primeira medalha dos Jogos e também a primeira para o esporte brasileiro”, comentou.
Bicampeão do Circuito CAIXA/CBAt de Corredores de Rua, nas temporadas de 2015 e 2016, Wellington viajou de Pernambuco para São Paulo em 2008 para disputar a tradicional Corrida de São Silvestre e acabou ficando na capital paulista, investindo cada vez mais nas corridas.
Wellington e Valdilene representaram o Brasil no Campeonato Mundial de Meia Maratona, em Cardiff, no País de Gales, Grã-Bretanha, em 2016. Em fevereiro de 2014, o pernambucano ganhou a medalha de ouro no Sul-Americano de Cross Country, ao vencer os 12 km, com 37:12, em Assunção, no Paraguai.
Na história do Pan, iniciada em 1951, em Buenos Aires, o Brasil soma 14 medalhas em Jogos na maratona (8 de ouro, 2 de prata e 4 de bronze). A primeira medalha de ouro foi conquistada por Ivo Machado Rodrigues, com 2:20:13, em Indianápolis 1987. Depois foram campeões Vanderlei Cordeiro de Lima em Winnipeg 1999 e Santo Domingo 2003, Marcia Narloch, em Santo Domingo 2003, Franck Caldeira no Rio 2007, Adriana Aparecida, em Guadalajara 2011 e Toronto 2015, e Solonei Rocha da Silva, em Guadalajara 2011.
A maratona, segundo a organização, reunirá 36 atletas nas duas categorias. A largada do feminino será dada às 8:30 e a masculina às 9:30 locais (10:30 e 11:30 de Brasília). As largadas e chegadas ocorrerão no Parque Kennedy, em Miraflores, com percurso passando por San Isidro, Lince e Lima. A previsão é de 15 a 18 graus de temperatura no horário das provas
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