Pernas inchadas ao fim do dia, com marcas das meias ou sapatos na pele. Não são raras as pessoas que sentem esse sintoma característico da retenção de líquido. Porém, o que muita gente não sabe é quais são as causas, e nem que a retenção pode estar associada a problemas de saúde mais sérios, como hipotireoidismo, insuficiência cardíaca, influência renal e problemas circulatórios.
Saiba abaixo o que é exatamente a retenção de líquido, em quais situações ela pode aparecer, quais são seus sinais e quando é necessário buscar ajuda médica.
Índice do conteúdo:
O que é retenção de líquido?
Larissa Garcia Gomes, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), CRM SP-102980, explica que a retenção de líquido é o aumento da reabsorção de água e sal pelos rins, levando ao aumento de volume sanguíneo circulante, que pode extravasar para os tecidos do corpo causando o inchaço. São várias as causas: desde uma alimentação inadequada até um quadro de insuficiência cardíaca ou problemas circulatórios.
A retenção de líquido na gravidez também é uma queixa comum. “O estradiol, hormônio que aumenta bastante durante a gestação, leva a mudanças hormonais adaptativas que culminam no aumento da retenção de sal e água. Do ponto de vista fisiológico, esse aumento de volume sanguíneo circulante é importante para nutrir a placenta e o feto, porém, pode dar sintomas de inchaço”, explica Larissa.
Pode ainda haver retenção de liquido no pós-parto. “Durante a gravidez, a mulher aumenta o volume sanguíneo circulante e esse volume pode ser perdido gradativamente e de forma variável no período pós-parto. A retenção de líquido no pós-parto é mais comum nas pacientes que são submetidas ao parto cesárea, em que é administrado soro fisiológico. Isso porque o soro tem uma concentração de sódio que pode promover a retenção de líquido, porém, essa retenção é temporária”, esclarece a endocrinologista.
A retenção de líquido com anticoncepcional oral (ACO), destaca Larissa, era mais comum nas formulações antigas que tinham doses altas de etinil-estradiol, estrogênio sintético presente na maioria das preparações. “As baixas doses atuais de etinil-estradiol ou estradiol, e o uso de progesterona com características de prevenção da retenção de líquido, têm diminuído consideravelmente esse achado na prática clínica”, explica.
A retenção de líquido com remédio também pode ocorrer e depende muito da medicação que se está usando. Mas, de forma geral, o mecanismo final é o aumento de retenção de líquidos pelos rins. Os principais medicamentos associados à retenção são anti-hipertensivos (anlodipina), glicocorticoide (derivados dos cortisol), estrogênios.
Como identificar a retenção de líquido?
Alguns sinais são bem característicos da retenção de líquido no corpo:
- Presença de edema ou inchaço dos tecidos sob a pele, principalmente em braços e pernas;
- Marcas de meias e/ou sapatos na pele especialmente no fim do dia;
- Ao apertar a região da suspeita de edema, forma-se uma depressão;
- Pele fina e brilhante na região edemaciada/inchada;
- Ao apertar de forma contínua a região do tornozelo inferior, observa-se um “afundamento” que demora a voltar ao normal (edema);
- Pálpebras e/ou rosto inchados;
- Aumento de peso não relacionado ao aumento da ingestão calórica e/ou à redução de atividade física.
Em alguns casos, o inchaço pode ainda vir acompanhado de sensação de falta de ar ou fadiga.
Como eliminar o inchaço da retenção de líquido?
Larissa destaca que é essencial identificar a causa do inchaço para tratar adequadamente cada caso. Mas algumas dicas gerais são:
1. Elevar os membros inferiores
Larissa orienta elevar os membros inferiores durante o dia para melhorar o retorno do sangue. Isso ajudará a evitar a retenção de líquido nas pernas. Faça isso em pequenas pausas no trabalho, se possível, ou ao fim do dia, quando chegar em casa.
2. Evitar alimentos industrializados
A endocrinologista destaca que, se a retenção for abusiva, é importante diminuir os alimentos ricos em sódio. E isso implica em reduzir principalmente o consumo de alimentos industrializados, tais como bolachas e refrigerantes, enlatados em geral, embutidos, shoyu, molhos prontos, entre outros.
3. Reduzir o sal
Diminuir o sal utilizado no preparo dos alimentos também pode ajudar a evitar a retenção de líquido no corpo. Boas dicas para isso são: usar mais temperos naturais, ter sempre uma medida específica de sal no preparo dos alimentos para evitar o famoso “sal a olho” e não adicionar sal a pratos que já levem queijos, azeitonas (ingredientes que normalmente já são salgados).
4. Apostar na drenagem linfática
Larissa destaca que a realização de drenagem linfática ajuda a diminuir o edema de membros. Ela trabalha movimentos específicos e suaves que estimulam o sistema linfático a trabalhar de forma mais acelerada, movendo assim os fluidos pelo corpo de forma mais eficaz.
5. Consuma água
Dê sempre preferência à água para se hidratar. Se não costuma tomá-la ao longo do dia, crie o hábito de ter ao seu lado uma garrafinha. Isso vale para a mesa de trabalho, para os momentos em que está em casa e até no carro.
6. Pratique atividade física
Evite o sedentarismo praticando atividade física regularmente. Escolha uma atividade física que te dê prazer, pois esse é o segredo para manter-se motivada com a prática. Pode ser caminhada, corrida, dança, musculação… O importante é ver a atividade como algo prazeroso, que te proporcione mais saúde e bem-estar.
7. Tenha uma alimentação saudável
Além de evitar industrializados e embutidos, é importante consumir com regularidade cerais integrais (que são fontes de fibras), frutas (especialmente melancia e abacaxi), legumes e verduras (rúcula, pepino, alface, abobrinha, chuchu).
8. Aposte em chás
Embora a água não deva ser substituída, os chás também podem ser aliados na hora de evitar a retenção de líquido, pois a maioria deles possui efeito diurético. Boas sugestões são hibisco, cavalinha e chá verde. Mas vale lembrar que os chás devem ser consumidos sem adoçar. Caso contrário, podem levar ao ganho de peso e até aumentar a retenção.
Essas medidas são simples e importantes, porém, não devem inibir a busca por um médico quando os sinais da retenção de líquido se mostrarem persistentes.
Quando procurar um médico para tratar a retenção de líquido?
Segundo a especialista, a retenção de líquido pode ser um sinal clínico de alguma doença subjacente, como insuficiência cardíaca, doença renal, cirrose hepática, insuficiência venosa ou desnutrição de proteína. Isso reforça a importância de estar atenta e não hesitar em buscar ajuda médica quando notar um ou mais desses sinais:
- Edema de início recente: você nunca tinha tido o problema, mas, agora, o inchaço/edema tornou-se frequente.
- Edema persistente: quando o inchaço é recorrente, seus pés estão inchando muito ou diariamente, a ponto dos seus sapatos e meias ficarem apertados ao fim do dia.
- Edema grave: quando é possível notar inchaços de extremidades importantes, a ponto de outras pessoas comentarem com você, por exemplo.
- Rosto inchado: se você nota que tem amanhecido com as pálpebras ou o rosto todo inchado.
- Parte do corpo específica inchada: quando só uma de suas pernas ou só um dos braços, por exemplo, estão inchados.
- Aumento de peso inexplicável: se você notou que ganhou peso na balança sem ter feito mudanças importantes na alimentação e/ou na prática de atividade física.
- Cansaço: quando, além do inchaço, você sente grande cansaço, sensação de falta de ar, entre outros incômodos.
Em muitos casos, a retenção de líquido é evitada com medidas simples, como a redução dos industrializados. Em outros, porém, merece uma investigação mais criteriosa.
De toda forma, como a retenção de líquido pode estar associada a algum problema de saúde mais sério, ao notar sinais de inchaço associados ou não a outros sintomas, não hesite em procurar seu médico de confiança.
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