Com o objetivo de combater e tratar as doenças relacionadas à má alimentação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de até 18,2 kg de açúcar por pessoa ao ano, o equivalente a 12 colheres ou 50 gramas do produto por dia. O brasileiro, no entanto, está bem longe de atingir esta meta. Segundo o Ministério da Saúde, a média de consumo anual de quem habita o país é de 30 Kg, ou seja, cerca de 80 g ou 18 colheres de açúcar por dia. São números bem acima dos estipulados, o que vem gerando muita preocupação, tendo em mente que diminuir o açúcar no cotidiano é benéfico para a saúde.
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Formado por glicose e frutose, a sacarose, ou o açúcar de mesa, acarreta em diversos efeitos tóxicos à saúde humana. Conforme o médico, diretor-presidente da Associação Brasileira LowCarb (ABLC), José Carlos Souto, eles começam pela boca, sendo a principal causa de cáries e doenças na gengiva. Outra doença que está intimamente relacionada ao consumo do açúcar é o diabetes tipo 2 ou diabetes mellitus. De acordo com Souto, mesmo ingerindo a quantidade igual de calorias, – de açúcar ou de outros alimentos – a chance de o indivíduo desenvolver diabetes é 10 vezes maior por causa do açúcar.
A síndrome metabólica
Mais um mal que está atrelado à ingestão de açúcar é a síndrome metabólica. De acordo com o médico, a substância contribui para o desenvolvimento dessa doença por meio de dois mecanismos principais.
O primeiro está relacionado ao ganho de peso. Souto explica que, tanto a glicose, quanto a frutose são carboidratos. Sendo assim, ambos interferem no uso da gordura como fonte de energia. “Quando o corpo emprega carboidratos para produzir energia, ele para de utilizar a gordura e começa a armazená-la”, justifica. Quanto mais açúcar ingerido, mais gordura é estocada, gerando o aumento de peso, a obesidade e, por consequência, a síndrome metabólica.
Segundo José, uma das razões que levam as pessoas a consumirem açúcar em grande quantidade reside no sabor agradável e viciante. Neste ponto, a culpa pode recair na frutose, que apresenta um sabor mais adocicado que a glicose. “Não há dúvidas de que o sabor doce de um alimento é que desencadeia a reação de prazer. A liberação de dopamina no cérebro faz com que tanto seres humanos, quanto animais, busquem consumir mais daquele produto”, afirma.
O segundo mecanismo está associado ao efeito específico que o excesso de frutose exerce sobre o fígado. Ele gera acúmulo de gordura no órgão, – esteatose hepática não alcoólica – que, por sua vez, leva à síndrome metabólica.
Souto explica que diferentemente da glicose, que é metabolizada em todo o organismo, a frutose é processada somente no fígado. Dessa forma, quando consumida em grande quantidade, gera o acúmulo de gordura no órgão. Ocasionando o aumento da produção da insulina, o que torna o fígado mais resistente ao hormônio. A maior resistência, por sua vez, eleva ainda mais os níveis da insulina no sangue, tendo como consequência a síndrome metabólica.
Tanto a sacarose, ou açúcar de mesa (glicose + frutose), quanto alimentos que contêm apenas glicose, como o amido, são carboidratos cujo consumo em excesso pode dificultar a perda de gordura e facilitar o ganho de peso. Contudo, no que diz respeito à esteatose hepática não alcoólica e à gordura no fígado, a sacarose se mostra mais deletéria à saúde humana. Segundo o diretor-presidente da ABLC, um estudo recente com adolescentes com síndrome metabólica corrobora esta afirmação. Nessa análise, ao manter as calorias e a quantidade total de carboidratos iguais na dieta dos jovens, mas substituindo a sacarose por glicose, na forma de amido, os pesquisadores detectaram uma melhora significativa na esteatose e de alguns outros marcadores de síndrome metabólica.
Diminuir o açúcar no dia a dia
A respeito da quantidade que pode ser ingerida da substância, em média, Souto enfatiza que se trata de uma toxina, e diminuir o açúcar faz diferença. “O ideal é que não houvesse nenhum açúcar adicionado aos produtos alimentícios, de uma forma geral, e que todo o açúcar ingerido fosse aquele naturalmente encontrado nos alimentos”, afirma. Em alguns casos, mesmo o açúcar existente de forma natural na comida deve ser minimizado. “Uma pessoa saudável não tem problema em comer uma banana, mas para um diabético, essa mesma fruta produzirá um pico substancial na glicose sanguínea”, diz.
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O açúcar já foi detectado como um vilão para a saúde. Muitas pessoas vêm buscando diminuir o açúcar no dia a dia. A dieta low carb, por exemplo, tem como uma de suas regras básicas evitar a ingestão de açúcar. Uma questão que dificulta o acesso dos consumidores a uma dieta saudável desse ponto de vista, é a falta de informação adequada.
De acordo com o médico, o fato de um alimento apresentar na embalagem os dizeres “sem adição de açúcar” não significa que ele não contenha a substância. “Um suco de uva integral, por exemplo, contém tanto açúcar quanto um caldo de cana. No entanto, o rótulo sugere ao consumidor se trata de um alimento saudável por não ter açúcar adicionado”, explica. Souto enfatiza que, para o pâncreas, não faz nenhuma diferença se o açúcar for adicionado posteriormente ou se veio da fruta.
Além disso, José explica que alguns produtos rotulados como “diet” e “zero” podem não conter açúcar (sacarose), mas apresentam grande quantidade de carboidratos, na forma de amido (glicose), ou na forma de sua variante, a maltodextrina.
Nesse sentido, a ABLC gostaria que houvesse uma revisão do conceito de “açúcares adicionados” na forma que se encontra atualmente na legislação brasileira. Para que consumidores não adquiriram produtos tidos por eles como saudáveis, mas que, na realidade, apresentam grande quantidade de açúcares e carboidratos oriundos dos próprios ingredientes, ou seja, não “adicionados”.
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